domingo, 26 de dezembro de 2010

Arame III

No equilíbrio instável do arame, encontro-me cega envolta na luz que me consome... vou avançando como que a querer escapar da eternidade de estar assim... o meu coração impele-me para diante, a minha mente fica lá atrás, nas memórias que me constroem. Parto-me em duas. O unicórnio que se desenha  numa sombra diante de mim deforma-se e ganha traços de uma massa informe e negra que desafia o brilho que o envolve; borboletas de cinza profundo rodeiam-me e procuram-me antes de se desfazerem em fumo... Cores intensas são disparadas do nada e atingem-me explodindo num festim que se torna acromático. Vacilo  e desequilibro-me. Apenas sinto o arame sob os meus pés que bate, ritmado, e abana-me, abana-me... Consigo equilibrar-me, segura no vazio, e avanço... Não passas de uma sombra na caverna que nunca poderei abraçar. Estarás para lá da luz...  não consigo alcançar-te...

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