terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Antiqua III

Na minha frente, apenas um ponto luminoso.
Intrigante esse ponto na solidão da noite.
Esse deus que me acompanha, cauteloso,
Sempre pronto a dar à asneira um açoite.
Na minha frente, apenas o laranja vivo;
Talvez o fogo que arde em mim, essa paixão
Que corre, cortando o ar nocturno com um uivo
E que a persegui-lo tem uma voz doce que diz: não!
Na minha frente apenas o homem que amo
E as trevas da noite envolvendo o aroma
O cheiro acre e doce que exala o meu amo
Na minha frente, apenas um vulto que tramo.
O meu corpo suado, numa noite em Roma!
E por fim olho e à minha frente está esse vício que chamo!


                                        1992

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