domingo, 31 de outubro de 2010

Cognição

No estonteante brilho dos pontos cinzentos inclusos por detrás da omnivisão, existe
a solitária estrela que nos tornou um. O que nos mantém nessa anastomose intrincada de palavras-ideias é o intrigante facto de verdadeiramente nunca nos vermos, falarmos ou sentirmos. Somos o produto do trilho marcado com as dádivas amigas impregnadas nas ideias e os saques doridos nos embates inimigos. Somos a excreção da via aberta pelos roubos amigos impregnados nas ideias e os saques sofridos nos embates inimigos. És quase só produto e eu quase tudo excreção. Definhei no teu sentir ate ao nada; perdeste-me algures esquecendo-te que brilha ainda por detrás do míope ponto de visão um brilho estonteante nos pontos cinzentos que, por esventrar dentro do invólucro o batimento, desejo por vezes apagar...   

Desatar... perder...

O arrepio gelado que sinto na ponta do meu coração... É o sentir o nada, o toque no
vazio, perde-se um batimento... Sou nada! Da intricada intimidade, tecida na vida
com complexos nós, resta o espaço... Tudo se desatou, desintricou e desfez-se em nada
nesta lama de tristeza e depressão... Morte!

Paz antiga

A chuva vai deslizando lá fora levando aos confins das profundezas o meu
coração... As palavras tocavam- se nos tempos antigos e regogizavam-se do uso com
prazer, enquanto a prol descansava na protecção do lar... Somos felizes... A noite
aproxima-se trazendo o choque das ideias, dos desejos, das expectativas... Não és
feliz...